terça-feira, 17 de julho de 2012

Outro jeito de ver o mundo.


Júlia tinha um jeito de salvar as pessoas de seus mundos medíocres e simplórios e jogá-los na vida com uma intensidade de quem pula de pára-quedas.

Recordo-me da primeira vez que eu fui a uma boate gay (como uma pessoa gay). Lembro que no dia fiquei nervosa acreditando que seria terrível. Eu não era exatamente o tipo dançarina de balada, mas Júlia me arrastava em suas aventuras e eu sabia que no final da noite eu nunca me arrependia de tê-la acompanhado.
Eu, que já havia ido outras inúmeras vezes a locais desse tipo com amigos, percebi que nunca havia parado pra notar realmente como um ambiente homossexual funcionava. Quando você não sabe o que se pensar ou sentir com relação àquelas pessoas, você apenas as visualiza, mas não as compreende.

Percebi que agora eu sabia como era passar pela fase de aceitação própria, ali era o lugar onde eles eram mais felizes. Como gay, eu sabia que podia dançar, cantar, pular, gritar, beijar a boca de Júlia quantas vezes eu quisesse e ninguém iria me julgar por aquilo.
Acredito que dentre as realidades que eu já vivenciei em minha vida, a comunidade gay é a mais unida e mais aberta a adeptos do que qualquer outra.

Você não precisa de nada pra ser gay, apenas ser você mesmo sem medo de admitir. Não é como ser conhecedora de livros pra entrar no grupo de Literatura, ou ouvir bandas de rock desconhecidas para que vejam que você entende do assunto e lhe aceitem em um grupinho musical.
Estar ali, com Júlia, me mostrou o sentido da palavra LIBERDADE de uma forma que eu nunca experimentara antes.

Entre copos e mais copos de bebidas, me vi solta e leve dançando na pista e tendo meus olhos invadidos pelo jogo de luzes brilhantes e meu ouvidos estourados pelo som da batida alto. E eu estava adorando. Puxei Júlia para perto de mim e beije-a com toda a paixão que eu tinha. Meu coração acelerado acompanhava o ritmo da música e nossos corpos suados entrelaçavam-se um no outro com uma sensualidade que me deixou com vontade de ter Júlia ali mesmo.

No intervalo entre uma música e outra, ela me puxou para o banheiro feminino. Eu, na vã inocência de que o objetivo de se ir ao banheiro é ir ao banheiro, me deixei levar sem saber o que se passava pela cabeça de Júlia.
Mal deu tempo de entrarmos e Júlia encostou-me na parede. Beijou-me a boca com vigor e pude sentir a excitação exalando entre nossos corpos. Enquanto nossas bocas estavam grudadas, nossas mãos exploravam-nos os corpos com desejo latente.
Foi quando senti a mão de Júlia percorrer-me a barriga lentamente. Enquanto ela desabotoava a minha calça eu tentava me focar no que estava acontecendo, mas sempre acabava por me perder em seus beijos com sabor de cereja.
Júlia alcançou-me o sexo e começou e me masturbar bem ali. No banheiro de uma boate. Talvez se eu tivesse em minha sã consciência, não tivéssemos chegado a esse ponto, mas bastava uma dose dos beijos de Júlia para que eu ficasse mais embriagada do que qualquer copo de vodka pura.

Enquanto Júlia me tinha, eu gemia abafado entre seus beijos e a tentativa de respirar um ar menos pesado e quente do que ali dentro. Os movimentos que da mão dela que antes começaram lentos, passaram a ser tornar mais rápidos e intensos e depois de pouco tempo eu me senti gozar nos dedos de Júlia. Ela sorriu me encarando e retirou os dedos de dentro de mim para então prová-los o gosto.

-Você é sempre tão doce. – ela sussurrou em meu ouvido.

Senti-me arrepiar e posso até ter corado naquela hora. O engraçado é que Júlia conseguia fazer e falar qualquer coisa dita como pornográfica e sempre fazer parecer o certo e sensual a se dizer.

Quando saímos do banheiro um casal de meninas nos sorriram. Elas sabiam o que tínhamos feito, e talvez fossem até fazer o mesmo que nós. Entendi novamente algo sobre o mundo gay, o que os outros chamam de promiscuidade, para eles é apenas libertação de ser. É viver o hoje.
E o meu viver daquele dia, no banheiro de uma boate, com a música invadindo-me os ouvidos enquanto Júlia invadia-me o corpo, foi um viver intenso e extremamente gostoso.
Mais eu ainda nem sabia o qual longe estávamos de ter momentos realmente intensos. 

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